Aécio promete obras em todas cidades de Minas


O tucano Aécio Neves está decidido a marcar sua gestão à frente do governo de Minas com obras tão grandiosas quanto as que fizeram a fama do ex-governador do Estado, Juscelino Kubitschek na década de 40. O neto de Tancredo Neves, que deverá disputar a reeleição para o Palácio da Liberdade mas ainda não é totalmente descartado como presidenciável pelo PSDB, pretende transformar o Estado num grande canteiro de obras, numa espécie de comprovação prática da sua competência com administrador.
Em 2003, assumiu um Estado falido, com déficit orçamentário de R$ 2,3 bilhões. Com as finanças equilibradas, para 2006, seu plano é investir R$ 6,7 bilhões - R$ 5,1 bilhões através das estatais de energia e saneamento básico, a Cemig e a Copasa. "Até 2006, todos os 853 municípios mineiros terão obras do governo do Estado", avisa. "Terminou o tempo de ajuste duro, o Estado readquiriu a capacidade de investimento".
Seu maior projeto, que deverá ser o maior símbolo das suas obras, é a chamada Linha Verde. A via expressa de 35 quilômetros entre o centro da capital mineira e o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, o Aeroporto de Confins, será construída em apenas 12 meses, com máquinas e operários trabalhando 24 horas por dia, em três turnos.
"É o maior projeto viário dos últimos 20 anos", comemora o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), Luiz Augusto de Barros. Os recursos previstos para a execução da obra representam 7,5% do faturamento total e 10% de todos os empregos gerados pelas 246 indústrias mineiras do setor no ano passado. "É muito representativo."
Os três lotes de obras da Linhas Verde vão custar ao governo mineiro R$ 227,3 milhões, de acordo com os contratos firmados com as empreiteiras vencedoras da licitação, a Mendes Júnior, a Camargo Corrêa e o consórcio Cowan/Barbosa Melo. O orçamento original previa despesas de R$ 295 milhões mas o governo conseguiu uma economia de aproximadamente R$ 66 milhões no processo licitatório.
Aécio Neves assinou ontem a ordem de serviço para o início das obras e avisou que, na semana que vem, quando estiver retornando de uma viagem à Europa, quer ver as máquinas operando. Segundo cálculos do governo estadual, a Linha Verde vai atender 60 bairros da capital mineira e mais de dez municípios da região metropolitana, beneficiando 3 milhões de pessoas.
Com a obra, Aécio Neves espera resolver um nó na logística do Estado que, em certa medida, contribuiu para emperrar o desenvolvimento econômico.
Distante da capital, o moderno aeroporto internacional de Confins foi quase um aeroporto fantasma por duas décadas, operando com mais de 80% de ociosidade no transporte de passageiros. De internacional, o aeroporto teve até agora só o nome. Há muito as companhias aéreas desistiram de operar em Confins por causa da baixa demanda.
A falta de vôos tem sido a principal explicação para que a Infraero não consiga tirar do papel o projeto de transformar o Tancredo Neves em aeroporto industrial, conforme legislação aprovada ainda no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Apesar dos benefícios fiscais para indústrias exportadoras se instalarem no entorno do aeroporto, sem volume de vôos, a Infraero não conseguiu atrair as empresas.
A transferência dos vôos domésticos do Aeroporto da Pampulha para Confins, no início do ano, foi o ponta-pé inicial do projeto para fomentar o transporte aéreo na capital mineira, com aumento dos vôos, incluindo a volta de rotas internacionais. Os passageiros reclamam da mudança, mas o governador argumenta que essa é a decisão mais acertada para o futuro do Estado.
Até os adversários partidários do governador parecem reconhecer que o neto de Tancredo está indo pelo caminho certo. "É uma obra que vai de fato revolucionar o trânsito na cidade", afirmou o prefeito da capital, o petista Fernando Pimentel. Foi dele, ontem, durante a solenidade de assinatura das ordens de serviço para a Linha Verde, a alusão aos tempos de Juscelino Kubitschek. "Desde a década de 40, com JK, não tínhamos um conjunto de obra tão importante." E foi além: "Aécio Neves é uma liderança administrativa que orgulha todos os mineiros."
Aécio, que gostou da comparação, devolveu o afago. "(Eu e o prefeito) somos uma coisa só, somos mineiros que pensam além dos seus mandatos, além das ligações partidárias." Com até o prefeito da maior cidade administrada pelo PT tecendo elogios públicos à gestão do tucano, será difícil para o Partido dos Trabalhadores emplacar uma candidatura com chances na disputa pelo governo do Estado em 2006.
Com uma campanha de reeleição já rascunhada, com direito a exibição de grandes obras no horário eleitoral gratuito, é certo que Aécio e seus aliados dão como garantido um segundo mandato. Com o novo discurso no estilo JK, parecem estar querendo garantir um futuro ainda mais promissor.


28/10/2005

Fonte: Valor On Line

 

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