Correios: Licitação é refeita com gasto menor


Brasília - Alvo de denúncias na CPI dos correios, a licitação para compra de tênis destinados aos carteiros voltou a ser realizada na última sexta-feira. Com Maurício Marinho afastado do departamento de contratação dos correios, o preço cotado por par do calçado ficou, em média, 17% mais baixo do que na tentativa de compra feita ainda na gestão do funcionário. Marinho foi gravado por arapongas admitindo receber propina para repassar ao PTB.
No pregão 79/2005, realizado sexta-feira, os correios negociaram a compra de 74 mil pares de tênis. O negócio foi dividido em dois lotes. O primeiro, de 20 mil pares, foi vencido pela Diana Paolucci S.A. ao preço de r$ 870.500, custando cada par r$ 43,52. no segundo lote, de 54 mil pares, o preço unitário ficou em r$ 45,37, com valor total de r$ 2,4 milhões. A vencedora foi Bertin Ltda.
Alguns participantes da concorrência recorreram contra a aprovação da proposta da empresa Diana Paolucci. Só depois da apresentação de documentos e de amostras do produto para análise é que o resultado do pregão será homologado.
Empresa que tinha de ter sido punida escapou.
Entre os participantes estava a Coman, empresa de Arthur Waschek Neto. A Coman não ganhou, mas dados divulgados pelos correios durante o pregão acabaram reforçando uma denúncia que Waschek fez à CPI, em depoimento prestado quinta-feira passada.
Segundo o empresário, entre as empresas que Marinho protegia nos correios estava a protelyne, que vencera outros dois pregões para compra de tênis: um em 2004 e outro em 2005. as duas concorrências foram anuladas porque o produto apresentado pela Protelyne não estava de acordo com as especificações.
A empresa teria que ter sido punida, como prevê o edital. Mas não foi. Waschek sustenta que isso não aconteceu por decisão de Marinho. os correios alegam que a punição em relação ao primeiro pregão de 2004 só teria sido oficializada depois que o primeiro pregão de 2005 foi feito, o que permitiu que a empresa voltasse a disputar o negócio. A punição da Protelyne — proibição de participar de licitações dos correios até setembro deste ano — ocorreu muito depois disso, quando Marinho já tinha sido afastado do cargo. O ofício do departamento que era chefiado por Marinho, só foi emitido no último dia 10.
A assessoria dos correios informou que, depois que a empresa toma a decisão de punir o participante da licitação por algum motivo, ela ainda pode apresentar uma contestação. Por isso, a punição teria demorado tanto.


28/06/2005

Fonte: O Globo

 

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