O vice-presidente da Comissão de Licitação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Bruno de Carvalho Ramos, afirmou que a entrada de oito grupos na disputa pelas licenças da terceira geração da telefonia celular (3G) "é um grande sucesso". A Anatel recebeu ontem as propostas de preço mínimo das empresas que vão participar do leilão, marcado para 18 de dezembro. Os lances iniciais das empresas, no entanto, só serão conhecidos no dia do leilão. No total, inscreveram-se para participar do leilão, as empresas TIM, Vivo, Claro, Oi, Brasil Telecom, CTBC, Telemig Celular e Nextel.
A Anatel também recebeu ontem das empresas os documentos de habilitação e de regularidade fiscal, que serão analisados pela comissão de licitação, nesta semana, para verificar se atendem às exigências do edital. Ramos ressaltou que não houve nenhuma ação na Justiça para tentar interromper o leilão, o que, segundo ele, também é positivo.
A grande surpresa foi a participação da Nextel, que hoje presta Serviço Móvel Especializado, que é a comunicação por rádio. A entrada da Nextel pode levar a uma maior competição em áreas de maior concentração urbana, onde ela já opera, como a licença da Região Metropolitana de São Paulo. Nessa área já operam TIM, Vivo e Claro; a Oi também adquiriu no último leilão uma licença para atuar nesses municípios.
A tendência é de que as operadoras disputem as licenças onde atualmente já oferecem a telefonia celular. A tecnologia 3G vai ampliar a oferta de serviços e as operadoras vão poder oferecer a conexão em banda larga, o que vai permitir que o celular assuma novas funções, como um computador portátil. Ramos ressaltou que poderá haver ágio em regiões onde há mais concorrentes do que o número de licenças. Para cada uma das 11 áreas definidas pela Anatel serão licitadas quatro licenças. O preço mínimo total das licenças é de R$ 2,8 bilhões.
O leilão de 3G pode ser uma alternativa para as regiões sem cobertura de celular. De acordo com a Anatel, apesar de a telefonia móvel já possuir cerca de 115 milhões de clientes no Brasil, ainda há 1.815 municípios brasileiros sem cobertura de celular.
A maioria dos municípios brasileiros sem celular tem menos de 30 mil habitantes e não é um mercado atraente para as operadoras que justifique o pesado investimento em infra-estrutura para atender tão poucas pessoas. Em algumas dessas cidades, o serviço até funciona, mas para uma ou outra operadora, e não há antena instalada.
O Nordeste é a região com mais cidades sem telefonia móvel e a Bahia é o estado com o maior número de cidades sem celular, 280. Entretanto, até mesmo na região Sudeste, que tem grande densidade de celular por habitante, há cinco municípios onde o serviço não chega: dois no Espírito Santo e três em São Paulo.
As operadoras que vencerem o leilão terão ainda oito anos para levar o novo serviço a pelo menos 60% da área adquirida. Grande parte dos municípios que está na lista dos sem-celular da Anatel também figura no rol das cidades com menos de 300 mil habitantes que terão que dispor da banda larga de internet móvel até 2012.
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