Petrobras já licita trecho do gasoduto Sudeste-Nordeste

Vitória - Linha de 112 km no Espírito Santo terá investimentos de US$ 70 milhões. A Petrobras já deu início ao processo para a construção do gasoduto que interligará as regiões Sudeste e Nordeste - mais especificamente o Rio de Janeiro a Salvador. A licitação para a aquisição de equipamentos do primeiro trecho, entre Linhares e Vitória, no Espírito Santo, está em curso e os investimentos nesta etapa, com 112 quilômetros de extensão, foram orçados em cerca de US$ 70 milhões. No total, a Petrobras investirá US$ 767 milhões na construção dos 1.225 quilômetros, divididos em três trechos. O gasoduto, segundo o diretor de gás e energia da Petrobras, Ildo Sauer, estará concluído no final de 2006 ou início de 2007 e terá uma importância estratégica para o desenvolvimento da indústria no Nordeste, uma vez que poderá transportar até 20 milhões de m³ por dia.

"Há uma série de projetos na região que precisam do gás para serem viabilizados. Por exemplo, a construção de uma usina siderúrgica no Ceará", disse Sauer, pouco antes da cerimônia de abertura do encontro do Comitê Operacional Nacional da RedeGasEnergia, em Vitória, que discutirá, até o próximo dia 12, o desenvolvimento de novas tecnologias que permitirão a massificação do uso do gás. Atualmente, conforme Sauer, a carência de energia no Nordeste levou a estatal a despachar um volume maior de gás para a região. Com isso, foi obrigada a reduzir o fornecimento de gás para duas unidades de fertilizantes, o que provocou queda de 40% da produção.

Apesar de aprovado pela diretoria da estatal, a construção do gasoduto depende da licença ambiental. Só então, segundo Sauer, a Petrobras definirá a forma de finan-ciamento do projeto. "Tivemos vários interessados em participar da operação, mas antes precisamos obter a licença ambiental", disse o diretor da companhia, que escolheu o Espírito Santo como a ponta de lança dos projetos da estatal na área de gás. Tanto que a maior parte do gás a ser transportado pelo novo gasoduto atenderá à demanda do estado e o restante irá para a Bahia, que enfrenta, atualmente, um déficit diário de 1 milhão de m³. Hoje, o consumo no Espírito Santo é de 1,2 milhão de m³ por dia, mas o mercado capixaba, conforme estimativas da Petrobras, tem um potencial que poderá atingir 10 milhões de m³/dia.

Redução de preços

Para isso, no entanto, é preciso equacionar uma questão fundamental: reduzir o atual preço do gás. "Estamos trabalhando nisso. Temos uma equipe estudando novas fórmulas para diminuir a tarifa atual, que está sendo discutido dentro da revisão do nosso planejamento estratégico", disse Sauer. Indagado sobre as estimativas de especialistas do setor, que apontavam para a necessidade de uma redução de 15% no preço atual, o diretor da Petrobras respondeu: "Não posso falar sobre o percentual de queda, porque ainda não submetemos a proposta para a diretoria da empresa, mas o mercado sempre quer uma redução maior que a devida."

A Petrobras conta com um trunfo importante - a descoberta de gás na Bacia de Santos, de 419 bilhões de m³ de gás natural - mas importa cerca de 20 milhões de m³ por dia da Bolívia, fator que pressiona os preços. A decisão sobre a política de preço do gás será conhecida em fevereiro do próximo, na ocasião da conclusão do planejamento estratégico, mas o diretor informou que poderá haver mudanças residuais antes disso.

Outra meta da estatal é ampliar sua participação na distribuição de gás. No Espírito Santo, a Petrobras vai criar uma subsidiária para distribuir o gás na região. Atualmente, a BR Distribuidora detém esse controle. Agora, Sauer está negociando com o governador Paulo Hartung a transferência dessa concessão para a nova subsidiária da estatal. "Isso nos dará maior agilidade", disse. No Rio de Janeiro, a Petrobras tem interesse em participar da CEG, a concessionária fluminense, além dos 25% que detém na CEG-Rio. "O secretário de Energia, Vagner Victer, nos procurou para falar sobre o desejo do governo na presença da Petrobras na CEG. É nossa vontade também, mas por enquanto é só isso", concluiu

09/12/2003

Fonte: Gazeta Mercantil