Só 4 disputam resseguro

O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) iniciou ontem a licitação internacional para resseguro de 37 projetos da Petrobras, estimados em US$ 30 bilhões, que serão realizados nos próximos três anos. Das seis brokers pré-selecionadas, cinco entregaram envelopes com propostas, mas uma foi eliminada. Trata-se da maior licitação de resseguro já feita no País.
Segundo fontes envolvidas na licitação, a americana Banfield foi eliminada da concorrência. A companhia tentou oferecer o menor preço, reduzindo o valor da corretagem, o que foi considerado antieconômico pelo IRB. O preço de corretagem (fee) ficou 50% inferior ao apresentado pelas brokers, cálculo que considera a média aritmética.
Já a americana Arthur Gallagher, quarta maior do mundo no setor, não apresentou proposta na concorrência. Uma carta da empresa foi lida durante a abertura de envelopes, justificando a não-participação. Seguem na disputa por prêmios estimados em US$ 150 milhões quatro brokers: as britânicas Willys e Miller, e as americanas Aon e Marsch. O IRB e a Petrobras não comentaram esta primeira fase da licitação.
Entre os 37 projetos ofertados estão empreendimentos como o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), plataformas de perfuração (a serem instaladas nas bacias de Campos, Santos e Espírito Santo) e a Refinaria Abreu e Lima, no Nordeste. Os projetos ainda não têm seguro. Com os preços de resseguro apresentados ontem, a estatal irá negociar com as seguradoras.
"Quem aponta o risco do negócio é o mercado internacional. Esse preço irá definir as negociações com as seguradoras", explicou um dos representantes das brokers envolvidas na disputa. Amanhã e na quinta-feira, eles irão realizar uma apresentação oral de suas propostas ao IRB, quando irão explicar a formação dos preços e comprovar capacidade de solvência.
O IRB irá analisar, durante uma a duas semanas, o cumprimento de requisitos técnicos pelas licitantes. O resultado do processo levará em conta os menores valores do prêmio (valor do pagamento da apólice) e brokerage (corretagem). Com base na melhor cotação apresentada, a estatal irá negociar o seguro dos projetos.
A licitação ocorre em linha com as novas regras do mercado de resseguros, após a quebra do monopólio do IRB. Desde 1º de janeiro deste ano, empresas estrangeiras podem operar no mercado brasileiro de resseguro. As que se instalarem no Brasil, chamadas resseguradores locais, terão preferência por 60% dos riscos oferecidos ao mercado.
Segundo o consultor de seguros Luiz Roberto Castiglione, as novas regras despertaram interesse de empresas internacionais, que já começam a estudar a instalação de subsidiárias no Brasil. Ele explica que a licitação da Petrobras ocorre com a presença exclusiva de empresas estrangeiras pelo porte das operações e pelo perfil dos projetos a serem cobertos.
"As licitações de resseguro da Petrobras serão um dos principais motores do crescimento do mercado interno de resseguro. Uma licitação desse porte tende a chamar atenção internacional e certamente ajudará a atrair mais empresas para o Brasil", disse consultor, afirmando que atualmente está estruturando a instalação de uma resseguradora no País.
Como as regras têm menos de um mês, o IRB segue, na prática, exercendo o monopólio do mercado. Por isso, deverá ficar com uma fatia de aproximadamente 20% da operação de resseguro, segundo avaliam especialistas. A abertura dos envelopes foi iniciada pelo IRB por volta das 17h de ontem, em evento restrito aos participantes.

15/01/2008

Fonte: Jornal do Commércio