O ministro do Planejamento, Guido Mantega, apresentou ontem a primeira carteira de projetos para as PPP (Parcerias Público-Privadas), com obras estimadas em R$ 13,685 bilhões. Mas o lançamento acabou também por contrapor perspectivas dentro do próprio empresariado.
De Ivoncy Ioschpe, presidente do Iedi (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial), o ministro ouviu que o eventual êxito das parcerias está associado à capacidade de o governo baixar os juros. ""Com os juros nas alturas não vejo como os empresários poderiam demonstrar interesse."
De argumentos próximos valeu-se Eduardo Moreira Ferreira, vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Para Ferreira, a proposta da PPP parece atraente para o setor privado. "Mas a distância entre a teoria e a prática, sabemos, é uma estrada cheia de buracos e atropelos", afirmou. Segundo ele, além da captação de recursos, os maiores entraves serão os marcos regulatórios e o receio de que, uma vez estabelecidas as parcerias, os contratos não sejam cumpridos.
Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), assinalou a ""importância dos marcos regulatórios", em setores de saneamento e transporte, "que têm que sair do zero", e outros como energia elétrica e petróleo.
No entanto evitou postura incisiva. "As dúvidas são naturais, mas não há, a princípio, nenhum preconceito em relação ao projeto. Estamos vendo a oportunidade de estabelecer novo relacionamento com o sistema financeiro."
Piva afirmou que o crescimento da economia a partir de 2005 dependerá do êxito de programas como os das PPPs. Agregou que para tanto seriam necessárias taxas de juros reais de 7% ou 8% ao ano (hoje estão em 10,29%).
Ainda na noite de ontem, Mantega viajaria para Washington onde apresentará hoje a carteira de projetos a cem empresários norte-americanos. O mesmo fará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a representantes de países árabes na sua viagem à região.
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