Num horizonte de cinco anos, a Petrobras gastará de US$ 2,4 bilhões a US$ 2,8 bilhões em novas plataformas para produção de óleo e gás em águas profundas. Serão quatro novas unidades -orçadas de US$ 600 milhões a US$ 700 milhões- com capacidade para produzir 180 mil barris/dia de óleo cada uma.
Em entrevista à Folha, o diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, revelou que todas as licitações terão expresso em seus editais o conteúdo nacional mínimo exigido em cada projeto. A julgar pelas últimas contratações, deve variar de 60% a 75% no caso das plataformas.
Tema de campanha de Lula, a nacionalização das compras da Petrobras já avançou com a nova política da estatal. Em 2003, as encomendas à indústria nacional representaram 87% das compras da companhia. Em 2002, o percentual havia sido menor: 79%.
Os números se referem somente à contratação de materiais (utilizados em manutenção, reparos e pequenas obras) e não inclui projetos mais complexos, como os de plataformas (estes classificados como aquisição de serviços). Só em materiais a estatal gastou US$ 1,7 bilhão em 2003, a mesma cifra desembolsada no ano anterior.
Em relação à contratação de serviços, o percentual de encomendas obrigatórias irá variar de acordo com as especificações de cada plataforma e a capacidade das empresas de atenderem os pedidos de modo "competitivo". Numa frase, Duque resumiu a nova política de compras da estatal: "Sempre que tiver a possibilidade de a empresa nacional ser competitiva, ela será a escolhida".
O tema de compras governamentais -no qual podem estar englobadas as licitações internacionais para a construção de plataformas- é um assunto sensível nas negociações do acordo entre o Mercosul e a União Européia. Os europeus querem reduzir mecanismos de proteção às indústrias nacionais.
Dos projetos de plataformas, apenas uma licitação está em curso: a da P-53, que vai operar no campo de Marlim Leste (bacia de Campos). As propostas já foram apresentadas, mas a direção da estatal ainda não escolheu a vencedora. As demais concorrências -P-54, P-55 e P-56- não têm data marcada.
A P-54 será um navio adaptado para produzir e armazenar óleo, a mesma configuração da P-53. A P-54 irá operar em Roncador (bacia de Campos), desenvolvendo a segunda fase do campo. As outras duas ainda estão na fase de projeto básico, sem nenhum tipo de detalhamento.
15/06/2004
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